Com protagonismo dos moradores, o Serviço de Residência Terapêutica de São Pedro da Aldeia marcou presença no evento em alusão ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, realizado na quarta-feira (21/05), na Universidade Veiga de Almeida (UVA). O encontro teve como tema “Para que nunca mais aconteça e para que ninguém esqueça: Manicômio nunca mais”. A iniciativa reuniu estudantes, professores e profissionais da saúde mental para refletir sobre os avanços e desafios da reforma psiquiátrica.
O destaque da programação foi a mesa-redonda “Reforma Psiquiátrica ontem e hoje: narrativas que sustentam o nunca mais”, protagonizada pelos moradores do serviço aldeense, Roberto Ramalho e Adriana Porto. Eles compartilharam suas vivências e trajetórias, ao lado da coordenadora do Serviço de Residência Terapêutica, Renata Nogueira Antum Gomes, e da assessora especial da Gestão de Saúde Mental, Rosemary Calazans Cypriano. O momento reforçou o compromisso com o cuidado em liberdade e o respeito à dignidade de quem vive com sofrimento psíquico.
Durante o debate, os moradores compartilharam relatos marcantes sobre o período em que estiveram internados no Hospital Colônia de Rio Bonito. Foram reveladas as dificuldades enfrentadas e a transformação vivida a partir da implementação da política de cuidado em liberdade. “Hoje, podemos viver com dignidade, em um ambiente que respeita nossa autonomia”, afirmou um dos participantes.



Renata Nogueira destacou a importância histórica do Serviço de Residência Terapêutica, pioneiro na Baixada Litorânea, e ressaltou a construção coletiva do trabalho desenvolvido, que tem como base o respeito à autonomia, ao empoderamento e ao protagonismo de cada morador. “É um trabalho feito a muitas mãos, com escuta, cuidado e compromisso com a cidadania”, comentou a coordenadora.
O evento também foi marcado pelo pré-lançamento do livro “Abrindo as Portas do Hospício”, que traz um capítulo escrito por Renata e Rosemary, relatando a história de vida de um dos moradores da RT. A obra reforça o valor da memória e da escuta no processo de superação dos modelos excludentes de cuidado.
“Participar deste evento foi um marco fundamental, pois colocamos os moradores como protagonistas de suas histórias e mostramos aos universitários uma lógica de cuidado que respeita o sujeito e garante seus direitos”, concluiu a coordenadora Renata Antum.
O encontro reforçou a urgência de manter viva a memória das violações sofridas em instituições manicomiais e o compromisso contínuo com um cuidado em liberdade, centrado na dignidade e nos direitos humanos.