O assentamento Ademar Moreira, no bairro São
Mateus, recebeu a visita técnica de uma comitiva da Secretaria de Agricultura
Familiar, do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). O grupo, composto por
gestores, técnicos e pesquisadores, participou de uma apresentação sobre o
projeto piloto em prol do aprimoramento da cadeia produtiva da aroeira
desenvolvido na cidade, fruto de um trabalho em conjunto entre Prefeitura
aldeense, EMATER-RIO, Inea, Senar, Associação dos Lavradores e outras instituições.
Na ocasião, os profissionais, vindos do Rio de Janeiro e
Brasília, realizaram uma visita às instalações do Centro de
Beneficiamento Primário, em fase final de construção, e acompanharam de perto
uma coleta de campo na área do assentamento.
O secretário municipal de
Agricultura, Abastecimento, Trabalho e Renda, Dimas Tadeu, falou sobre a
evolução do projeto pioneiro. “Por
muito tempo, diversos municípios, principalmente as cidades da Região
Litorânea, colhiam a aroeira de forma clandestina, sem nenhuma segurança ou
controle de qualidade. São Pedro da Aldeia foi a primeira cidade a iniciar um
processo de colheita formalizado, com treinamento e certificação dos
produtores. Um dos destaques foi a aprovação do Plano de Manejo Florestal
Sustentável, pelo Inea, que foi um marco para a legalização dessa atividade.
Tivemos diversos parceiros diretos nas ações, como o Senar, a EMATER, o MAPA, a
Fiocruz, a Associação dos Lavradores e outras instituições que formam o
GT-Aroeira. Mesmo com todas as dificuldades, abraçamos essa causa”,
Durante a visita técnica, a comitiva participou de um almoço oferecido
pela Associação dos Lavradores. Na oportunidade, o secretário de Agricultura, os
representantes do GT-Aroeira e alguns produtores assentados fizeram um resgate
histórico do trabalho desenvolvido com a aroeira, passando pelas conquistas e principais
desafios enfrentados ao longo da implementação do projeto, a situação atual da
colheita no município e região, os riscos da coleta clandestina até o processo
de organização dos produtores locais e a regularização da atividade, após a
aprovação do Plano de Manejo; a descoberta da pimenta rosa como condimento, bem
como seus benefícios medicinais.
Um dos integrantes da comitiva, o coordenador geral de
Extrativismo do Departamento de Estruturação Produtiva da Secretaria de
Agricultura Familiar do MAPA, Marco Pavarino, ressaltou os objetivos da
visitação. “O objetivo é verificar como que a gente consegue, de fato, trazer
políticas públicas que apoiem e ampliem a atuação dos agricultores com a
aroeira, com a comercialização, a estruturação da produção, pesquisa, análise
do potencial e o acesso a mercados. O município está muito avançado e nós
podemos aprender muito com o que já foi articulado. A ideia é estabelecer
caminhos mais produtivos e uma cadeia que vai servir como referência para o
Estado e até mesmo para o país”, afirmou.
Após o almoço, a comitiva conheceu de perto as obras em andamento e
alguns equipamentos industriais já instalados no galpão que integra a
unidade de beneficiamento da aroeira, inaugurada no ano passado com recursos do Programa Rio Rural, da Secretaria
Estadual de Agricultura, e execução da Emater-Rio. O evento também foi marcado
pela realização de uma nova coleta de folhas, frutos e cascas da planta na
área de reserva legal do assentamento, visando a realização de novos estudos
botânicos e análise química em laboratório. A coleta das espécies vegetais foi
efetuada pelo pesquisador, analista e coordenador do setor de Plantas
Medicinais da unidade especial da Fiocruz em Petrópolis, Sérgio
Monteiro, um dos integrantes do GT-Aroeira.
“Nesta comitiva, estamos trazendo novos parceiros e colegas de trabalho
dentro do Ministério para conhecer mais afundo esse trabalho pioneiro, gerar
visibilidade para a produção e trazer novas oportunidades de negócios para os
produtores. Algumas empresas já estão procurando a aroeira daqui por conta
desse projeto e de todo esse movimento dentro da Associação dos Lavradores. A
gente espera que a diretoria do MAPA nos dê apoio não só com aporte financeiro,
mas também técnico para que possamos dar continuidade aos trabalhos”, destacou
a coordenadora geral do GT-Aroeira e auditora fiscal federal agropecuário do MAPA,
Ludmila Gaspar.
Em São Pedro da Aldeia, a atividade de extração da planta foi a primeira
a ser legalizada em todo o Estado. O projeto em prol da aroeira envolveu,
ainda, a capacitação dos produtores familiares para a colheita sustentável e em
módulos de gestão de negócios.
Também presente no evento, o presidente da
Associação dos Lavradores do Assentamento Ademar Moreira, Edimar Oliveira,
comemorou os avanços alcançados. “Conhecemos a aroeira em 2008; a gente cortava
no mato, escondido, de qualquer maneira, sem cuidado e muitas vezes
prejudicando a planta. O projeto foi muito importante, trouxe uma estrutura
muito melhor, além de cursos, onde aprendemos a colher de forma correta, com
mais segurança e equipamentos de trabalho”, enfatizou.
Participaram da visita técnica o supervisor e a
técnica local da EMATER-RIO, Fábio Oliveira e Marília
Grasiela Oliveira; o diretor do Departamento de Estruturação
Produtiva da Secretaria de Agricultura Familiar do MAPA, Avair Miranda Junior;
a engenheira agrônoma do setor de Apoio à Logística e Gestão da Oferta da
Conab, Ana Paula Pereira de Lima; a coordenadora de Articulação e Apoio ao
Extrativismo, Tarcila Portugal; a colaboradora da Fiocruz no projeto “Cadeias
de Valor” em Plantas Medicinais, Josiane Costa; a técnica da área de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos da Coordenação Geral de Extrativismo, Daniella
Vasconcellos; os representantes da Divisão de Política, Produção e
Desenvolvimento Agropecuário (DPDAG-RJ), Celso Merola, Pedro Catette, Almir
Cézar Baptista, Índia Clara de Medeiros e Sidney Dantas; o
organizador do Planeta Orgânico/Green Rio e idealizador de projetos
agrosustentáveis, Álvaro Werneck, além de produtores rurais assentados
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