O cuidado com a saúde mental em São Pedro da Aldeia segue fortalecido com iniciativas que valorizam a escuta, o acolhimento e a ressignificação de vivências. No Ambulatório de Saúde Mental do município, um grupo terapêutico voltado para mulheres desenvolveu, ao longo de dez encontros, um trabalho de resgate de passatempos, afetos e histórias pessoais. A culminância do projeto foi a confecção de uma colcha de retalhos, marcada por símbolos e imagens que representam a trajetória das participantes.
O grupo foi conduzido pela psicóloga Adriana Francisca Dutra Moura e pela assistente social Jaqueline Teles Stodutto, com apoio da coordenadora do Ambulatório de Saúde Mental, Sunamita Soledade, e colaboração da psicóloga Stefany Camacho. No total, nove mulheres participaram da experiência terapêutica, que incluiu momentos de lazer, como sessões de cinema e o resgate de atividades manuais, a exemplo do crochê, do ponto cruz e da costura.


De acordo com as profissionais envolvidas, a proposta inicial era que cada integrante produzisse sua própria colcha. No entanto, com o fortalecimento dos vínculos e a troca de experiências, as mulheres decidiram unir suas memórias em uma única peça, que simboliza a história coletiva do grupo.
Para a usuária Leila de Lemos, o grupo representou um divisor de águas em sua trajetória pessoal. “Eu consegui resgatar muitas coisas. Comecei o tratamento individual e tive uma melhora de 90%, porque eu estava muito mal, psicoemocionalmente. Os medos começaram a sumir e, quando surgiu essa ideia da colcha de retalhos, eu fiquei muito feliz. Resgatei o crochê e o ponto cruz, que eu fazia antigamente, e voltei a ter prazer em me reunir, tomar um café e sair. Eu estava muito em casa, muito escondida, e isso me trouxe novos laços. Foi o que me resgatou. Isso é muito importante para qualquer pessoa, porque a tendência é se isolar, mas o grupo conseguiu mudar isso”, relatou.


Com encontros quinzenais, o grupo terapêutico do Ambulatório de Saúde Mental se consolidou como um espaço de apoio, acolhimento e criação de novas possibilidades de vida para mulheres aldeenses.
Segundo a psicóloga Adriana Francisca Dutra Moura, a iniciativa reforça o compromisso do município com práticas terapêuticas que vão além do tratamento clínico. “Esse grupo nos mostrou como a partilha de vivências e o resgate de prazeres cotidianos são fundamentais para o fortalecimento da autoestima e das relações interpessoais. O trabalho terapêutico vai muito além do consultório. Ele se constrói também nos vínculos, no afeto e na possibilidade de ressignificar a própria história”, destacou.