Ao lado da família Mattos e Silva, o prefeito Cláudio Chumbinho entrega obra do Museu Regional do Sal Manoel Maria Mattos
Com o objetivo de cultuar e preservar a memória da indústria salineira, que faz parte da história da Região dos Lagos, a Prefeitura de São Pedro da Aldeia construiu o primeiro Museu do Sal do país às margens da RJ-140, no bairro Balneário. A obra, que foi executada com recursos federais e municipais, foi entregue nesta quarta-feira (30/12), pelo prefeito Cláudio Chumbinho.
Devido à pandemia do coronavírus, não houve solenidade aberta ao público. O ato reuniu apenas alguns integrantes da família Mattos, doadora da área e que dá nome ao museu, o secretário adjunto de Turismo, Luiz Carlos Rocha e a secretária de Urbanismo e Habitação, Liane Martins.
O Museu Regional do Sal Manoel Maria Mattos vai mostrar aos visitantes imagens e objetos com as formas de produção dessa indústria e cultura, que teve seu auge nas décadas de 50 e 60. No salão de exposição, ficarão expostos objetos referentes às salinas, como rodos, moinhos, carrinhos e outros, além da estátua de um salineiro em tamanho natural.
O prefeito Cláudio Chumbinho contou que não pensou duas vezes ao conhecer o projeto do museu e imediatamente iniciou as tratativas para legalização da doação do imóvel da família Mattos e a busca de recursos para execução da obra.
“Estou feliz em conseguir realizar um sonho antigo de muitos aldeenses. Agradeço ao Jacyr Mattos e a todos que colaboraram para esse empreendimento. Acredito que vamos deixar um legado histórico e cultural para futuras gerações, inclusive, para muitos que não tiveram a oportunidade de conhecer uma salina” acredita.
O secretário adjunto de Turismo, Luiz Carlos Rocha, que acompanhou de perto a obra, informou que a pandemia do coronavírus alterou o cronograma, mas as equipes se dedicaram e trabalharam bastante para concluírem o projeto.
“Agradeço a todos que colaboraram, em especial ao artista Flávio Rangel. Ele e equipe cuidaram de todos os detalhes da exposição das peças, fizeram a belíssima maquete que reconstitui o funcionamento de uma salina e a estátua do salineira em tamanho natural”, pontuou o secretário.
Doação
O Museu foi construído em área doada pelo empresário Jacyr Mattos da Silva, herdeiro dos pioneiros da indústria salineira na região. Ele participou ativamente das etapas de organização do novo ponto turístico e cultural da cidade.
“Estou feliz e emocionado. Meu pai e meu avô certamente ficariam orgulhosos dessa minha decisão que é uma forma de agradecimento à sociedade que nos recebeu de braços abertos e nos adotou desde nossa chegada de Portugal, há mais de um século”, afirmou.
A história do sal
No século XVIII, existiam nove salinas na região. A primeira a ser construída foi a Perynas, em Cabo Frio, que sobrevive até hoje. Mais tarde, a produção cresceu e havia cerca de 120 salinas em toda Região dos Lagos. No início dos anos 40, as salinas da Lagoa de Araruama estavam entre as maiores produtoras de sal do país.
De acordo com o pesquisador e assessor especial da Secretaria Adjunta de Turismo, Geraldo Ferreira, a história do sal na região tem início no século XVII, quando os índios observaram que, em determinados pontos da Lagoa de Araruama, nas temporadas sem chuva, formavam-se montes de sal, o que gerou competição com a Coroa Portuguesa, que tinha seu próprio sal e proibiu a concorrência. No século XIX, a cultura do sal foi liberada e iniciou-se o processo de instalação de salinas, tecnologia do moinho e outras, que foi acelerado nos meados do século XX.
” Chegamos a ter 70 salinas em São Pedro da Aldeia e cerca de 130 em toda região. Hoje, não temos mais nenhuma na cidade e apenas uma em funcionamento em Cabo Frio. Temos duas causas principais para isso: a concorrência com a indústria salineira do Rio Grande do Norte e a construção da Ponte Rio Niterói, que alavancou o mercado imobiliário na região, fazendo com que muitos salineiros preferissem desativar suas salinas e investir no mercado ascendente” explicou Geraldo.
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