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Abril Marrom: São Pedro da Aldeia é referência em políticas públicas e no tratamento de doenças oftalmológicas

História de superação da professora Heloíza Araújo Santos mostra a importância da inclusão dos deficientes visuais na sociedade

O mês de abril é marcado pela conscientização sobre a prevenção às diversas causas de cegueira. A campanha “Abril Marrom” tem como objetivo conscientizar a população e reduzir a incidência dos principais problemas de visão, além de chamar atenção para a reabilitação e inclusão das pessoas com deficiência visual na sociedade.

O período ainda faz alusão ao Dia Nacional do Braille, comemorado no nascimento de José Álvares de Azevedo, primeiro professor cego do Brasil responsável por trazer o alfabeto de códigos em alto relevo ao ensino do país. Já a cor marrom, que nomeia da campanha, foi escolhida por ser a tonalidade de íris mais comum nos olhos dos brasileiros.  

Em São Pedro da Aldeia, histórias de superação como da professora Heloíza Araújo Santos mostram a importância do diagnóstico precoce e da inclusão dos deficientes visuais nos mais variados setores sociais. O município é destaque no desenvolvimento de políticas públicas sobre o tema, como a criação do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (COMDEF), além do oferecimento de qualificações para servidores da educação para melhor aprendizagem dos alunos. A cidade é, ainda, referência no tratamento oftalmológico especializado por meio de convênio. 

Quem é Heloíza Araújo Santos?

Heloíza Araújo Santos é uma das duas professoras especializadas em braile da rede de ensino aldeense e integrante do recém-instalado Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (COMDEF). Graduada em Língua Portuguesa e especializada em Psicomotrocidade no Instituto Benjamim Constant (IBC), no Rio de Janeiro, a docente teve o diagnóstico de Glaucoma Congênito assim que nasceu. 

Os médicos aconselharam que Heloíza fosse matriculada em um colégio especializado em deficiência visual. Aos seis anos, ela foi interna ao instituto, onde permaneceu por 10 anos. 

Após o período reclusa, ela conta que não encontrou, inicialmente, muitas facilidades quando retornou a São Pedro da Aldeia. “Não fosse a ajuda da família, amigos e professores, eu não teria conseguido. Não havia profissionais especializados ou material adaptado, eles precisavam ler para mim nos intervalos. Eu ainda gravava as aulas em fita cassete para depois estudar em casa”, lembra a educadora.  

Deficiência visual é pauta na Educação 

Atualmente, a rede municipal de ensino aldeense oferta ao professores, periodicamente, cursos relacionados à aprendizagem para alunos com deficiência visual. O último, desenvolvido em 2019, teve como tema “Deficiência visual: vencendo barreiras”, e contou com a presença de 64 educadores. Eles puderam conhecer e aprender mais sobre o Sistema Braille, diferença entre alunos cegos e acometidos de baixa visão, noções de orientação e mobilidade, além de relembrar a Política Nacional de Educação Inclusiva e os direitos e deveres dos alunos cegos e da escola inclusiva.

A rede municipal aldeense tem disponível o sistema de reglete e punção, um dos primeiros instrumentos portáteis criados para a escrita em Braille. Atualmente, uma aluna com cegueira total é atendida pela Secretaria de Educação com acompanhamento da professora Heloíza. 

                    Trabalhos sensoriais desenvolvidos pela professora Heloíza:
              

Criação do COMDEF

Um dos maiores sonhos da educadora era a criação do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (COMDEF), órgão ligado à Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH), que teve suas atividades iniciadas recentemente. “Quero lutar pelos direitos das pessoas com deficiência. Infelizmente a região ainda não está estruturada para o deficiente visual”, pontuou Heloíza, que também ajudou a fundar a Escola Municipal De Educação Especial Pedro Paulo Lobo de Andrade (EMESPP), no bairro Estação.

Prevenção

Para Heloíza, acometida de glaucoma congênito (causada pelo aumento da pressão dentro do olho devido ao acúmulo de líquido, podendo afetar o nervo óptico e levar à cegueira), a visita ao oftalmologista deve ocorrer desde a primeira infância e em todas as fases da vida é preciso monitorar a saúde dos olhos.  

“Muitas das doenças que causam cegueira são silenciosas e não apresentam sintomas nas fases iniciais. Detectá-las precocemente previne a perda da visão. Por isso, é importante ir pelo menos uma vez ao ano a um especialista para examinar toda a estrutura do olho. Ter informações a respeito das doenças que podem levar à cegueira é o primeiro passo para a população adotar medidas preventivas”, observou Heloíza.  

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 60% a 80% dos casos de cegueira seriam evitáveis ou tratáveis se diagnosticadas precocemente. “Existem também as doenças que não têm cura, nem tratamento. Mas as pessoas acometidas por estes males possuem diferentes graus de limitação visual e precisam ser incluídas na sociedade. Todas têm direito a uma vida independente e com igualdade de acesso”, assinalou a professora. 

Saúde Pública

Pacientes de São Pedro da Aldeia que precisam de atendimento oftalmológico especializado são assistidos no Hospital do Olho Lagos, credenciado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Desde janeiro deste ano, cerca de 4.060 procedimentos já foram realizados por meio do convênio com o município. Dentre eles, foram feitas 315 cirurgias de catarata, 110 procedimentos de retina e 33 cirurgias de pterígio.

A unidade atende todos os tipos de cirurgias oftalmológicas, como descolamento de retina, vitrectomia posterior, cirurgia refrativa à laser, cirurgias de catarata e exames para prescrição de óculos, bem como procedimentos mais complexos envolvendo problemas de retina, como estrabismo e glaucoma. 

Um mutirão de atendimentos destinado aos moradores foi realizado no mês de fevereiro, alcançando o recorde diário de cirurgias de cataratas custeadas pelo SUS em São Pedro da Aldeia.  Ao todo, foram 40 procedimentos cirúrgicos realizados ao longo do dia, atendendo uma das maiores demandas nacionais de saúde pública, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).

Como buscar atendimento?

Os aldeenses que precisarem de atendimento oftalmológico devem procurar a Unidade de Atenção Básica (UBS) mais próxima. Elas funcionam de 7h às 16h. A rede municipal também disponibiliza atendimento na Policlínica Municipal, localizada na Rua Prefeito Waldir Lobo, s/nº, Morro dos Milagres (anexo ao Pronto-Socorro). O funcionamento do espaço é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados de 7h às 13h. Os casos serão analisados e encaminhados para os setores responsáveis, que darão direcionamentos para o hospital.

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