As mulheres em situação de violência receberam, há um ano, um lugar de segurança, orientação e acolhimento em São Pedro da Aldeia: o Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM Daiana Borges). O equipamento integra a rede de proteção às mulheres no município. Na quarta-feira (09/07), foi realizado um evento de comemoração pelos mais de 600 atendimentos realizados no período, transformando a vida de cerca de 150 mulheres. Estiveram presentes autoridades, equipe técnica e assistidas pelo local.
A secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, Aline Manhães, destacou o empenho de todos envolvidos. “A gente tem que pensar em política pública para a mulher e, aqui, no CEAM Daiana Borges, é um lugar onde as mulheres encontram acolhimento e aconchego durante um momento difícil. Quero agradecer a toda equipe, não tem outra pessoa que poderíamos escolher para coordenar o CEAM, senão a Luciana, e também ao apoio da gestão municipal, do prefeito Fábio do Pastel, que abraçou a causa e nos ajudou a tornar esse sonho realidade”, apontou.

A coordenadora do CEAM Daiana Borges, Luciana Oliveira, conduziu o evento e ressaltou a importância das parcerias com as diversas Secretarias Municipais, além das esferas jurídica, empresarial e de segurança pública. “Nós entramos aqui todos os dias com respeito e vemos a foto da Daiana Borges para lembrarmos sempre pelo o que estamos lutando, ela nunca será esquecida. Estamos presentes em diversos locais do município, divulgando nosso trabalho e levando às igrejas, escolas, unidades de saúde e outros pontos o assunto de prevenção à violência doméstica. Temos diversos parceiros e trabalhamos em rede. Não há competição, apenas união para oferecermos o melhor atendimento para quem chega até aqui”, afirmou.



Luciana é a autora do artigo “A análise da aplicabilidade das medidas protetivas de urgência às mulheres do município de São Pedro da Aldeia”, publicado no livro “Violências: Conceitos, Experiências e Perspectivas Interdisciplinares”. Alguns exemplares foram entregues durante o evento.
Uma assistida, que preferiu não se identificar, reuniu coragem e falou aos presentes. “Tudo começou aqui. O CEAM foi um divisor de águas na minha vida. Hoje, eu sou uma nova mulher. Uma mulher livre e independente. Eu ainda tenho uma medida protetiva e sou acompanhada pela Patrulha Maria da Penha e ainda venho para orientações aqui no CEAM. Quero dizer para todas as mulheres que estão em uma situação como a que eu vivi, é difícil, mas não é impossível, peça ajuda”, relatou, emocionada.
A controladora-geral do município, Danielle Prudente, a coordenadora da Mulher, Cláudia Mothe e a coordenadora LGBTQIA+, Paula Azevedo, além da equipe da SASDH e da Secretaria de Saúde envolvidas, como o NAVI, fizeram questão de participar da comemoração.



O presidente da Comissão de Direitos da Mulher, vereador Moisés Batista, a assessora representante do vereador Paulo Santana e a vereadora Mislene Conceição acompanharam a solenidade representando a Câmara Municipal.
As diversas esferas que formam a rede de apoio à mulher em situação de violência foram representadas. Estiveram presentes agentes da Patrulha Maria da Penha da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal, assim como representante da juíza da vara de violência doméstica e do CEAM de Cabo Frio. Marcaram presença, ainda, a equipe do CRAS São João, polo do Programa Estadual Empoderadas e a equipe da Faetec, que conta com o programa “Mulheres Mil”, também do Governo do Estado. Integrantes da Liderança Feminina da ACIASPA/CDL, da ONG Amigas da Mama e do Movimento Mulheres de Cabo Frio, também marcaram presença.



O CEAM Daiana Borges busca acolher e promover acompanhamento psicológico, social e orientações jurídicas. O espaço está localizado na Rua Antônio C. Mota, nº 72, Vila São Pedro.
Por que CEAM Daiana Borges?

O equipamento se chama CEAM Daiana Borges em homenagem à enfermeira e moradora da cidade que teve sua vida tirada em um ato violento. Seu caso foi o primeiro julgado em São Pedro da Aldeia, no ano de 2016, quando a lei que tipifica o feminicídio completava um ano, abrindo caminho para que todas as mulheres possam buscar amparo e serem acolhidas.
A mãe da enfermeira Daiana Borges, que dá nome à unidade, Áurea Borges da Silva, se emocionou ao presenciar o evento. “Não é fácil, mas pelo menos, [o que aconteceu com a minha filha] vai servir para alertar as outras pessoas para correrem para cá antes que aconteça o que aconteceu com minha filha”, disse.