As obras de conservação da Casa da Flor seguem avançando em São Pedro da Aldeia. Para fiscalizar a execução e o cumprimento das ações previstas no contrato junto à empresa vencedora da licitação, a prefeitura instituiu um Comitê Gestor, composto por profissionais das secretarias de Cultura e Urbanismo, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). O grupo é responsável por acompanhar, semanalmente, o andamento das intervenções conservativas no monumento histórico.
Ao todo, quatro restauradores da empresa Jequitibá Restauro estão conduzindo as ações de higienização e limpeza química nos ornamentos, mosaicos e embrechados, e nas muralhas que cercam a edificação construída no século XX por Gabriel Joaquim dos Santos. O trabalho atual tem como principal função remover incrustações e a sujeira acumulada nas superfícies há pelo menos duas décadas.
“Neste momento, o que temos feito são ações que visam estancar e eliminar elementos de degradação, nos permitindo proteger preventivamente a casa e, finalmente, mapear lacunas que sequer podiam ser vistas. Um dos principais agentes de degradação vinha sendo o biológico, especialmente os musgos, que recobriam praticamente todas as muralhas. A proliferação dessas espécies vegetais é um risco silencioso, pois penetram entre as argamassas e peças, fazendo se desprenderem e desfigurando os arranjos”, explica o arquiteto do Iphan Região dos Lagos, Ivo Barreto.
Além da limpeza, também estão sendo feitas fixações pontuais, bem como a catalogação de peças desprendidas, sob a supervisão e orientação do Iphan. Com pouco mais de um mês do início das obras, os trabalhos, segundo Ivo, têm surtido bons resultados. “Hoje, ao caminhar pelas muralhas externas, novamente, alguns ornamentos podem ser vistos. As louças, arranjos de pedras, cacos e vidros, que estavam soterrados pelo tapete de musgos, muitos deles opacos e amarronzados pelas crostas de sujeira, agora podem de novo ser percebidos. Na parte de dentro, sobretudo, são as cores que voltaram à vida. O Altar dos Livros, que nos parece o elemento mais exuberante da obra, por exemplo, já se mostra com outra cara, mais brilhante e colorido, como concebido por Gabriel”, conta.
Foto: Ivo Barreto, ETRL/IPHAN-RJ
Manutenção preventiva
Para garantir a manutenção dos cuidados com a Casa da Flor, dois servidores municipais também estão participando dos trabalhos, recebendo treinamento presencial da equipe de restauradores da Jequitibá. “O treinamento prático desses servidores está previsto no projeto de conservação da Casa da Flor e é uma etapa muito importante dessa obra. O objetivo é que eles deem continuidade ao trabalho, atuando como conservadores permanentes do patrimônio”, explica o secretário adjunto de Cultura, Thiago Marques, que também integra o Comitê Gestor Interinstitucional. Todos os membros do Comitê foram nomeados pela pasta, por meio de portaria publicada em Diário Oficial, sem remuneração.
Foto: Divulgação/Cultura PMSPA
Outra etapa importante da obra tem sido o levantamento dos danos existentes na Casa, tendo como referência um acervo de mais de 700 fotos do monumento, disponibilizado pelo Iphan. “Para fazer esse mapeamento, estamos utilizando um acervo imenso de fotos e desenhos, que tem nos permitido avaliar as transformações na Casa ao longo do tempo. Esse Caderno Iconográfico da Casa da Flor, como chamamos, permite que os restauradores e a nossa equipe tenham referências seguras e possam definir a melhor estratégia para fazer as reposições pontuais de algumas peças desprendidas, além de ser uma ferramenta fundamental para o debate sobre os caminhos de uma futura obra dedicada à recomposição e restauração das lacunas”, finaliza Ivo Barreto.
Foto: Ivo Barreto, ETRL/IPHAN-RJ
Foto: Divulgação/Cultura PMSPA
Foto: Ivo Barreto, ETRL/IPHAN-RJ