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Consciência Negra é tema de roda de conversa em São Pedro da Aldeia

Encontro promovido pela Secretaria Municipal de Cultura reuniu ativistas do movimento negro atuantes na cidade e na região

Celebrado no último dia 20, o Dia da Consciência Negra foi o tema central da roda de conversa promovida pela Secretaria de Cultura de São Pedro da Aldeia nesta terça-feira (21/11). O encontro, que aconteceu no Cine Estação, reuniu conselheiros municipais de Cultura, artistas, agentes culturais e ativistas do movimento negro atuantes na cidade e na Região dos Lagos. A pauta incluiu reflexões sobre diversidade, afrodescendência, desigualdades raciais, racismo religioso e as manifestações de arte e cultura de matriz afro e indígena.

Foto: Raíra Morena/Divulgação SEMUC PMSPA

Conduziram a mesa de debates Roberto dos Santos, o Robertão, líder comunitário quilombola e conselheiro municipal de Cultura pela cadeira Quilombola; Marlúcia Soares, produtora, estilista de moda afro e conselheira municipal de Cultura pela cadeira de Patrimônio Material e Imaterial; Diego Feliciano, professor de música e conselheiro municipal de Cultura pela cadeira de Música; Joseane Oliveira, ativista, presidente do ponto de Cultura “Ile Ase Iya Oju Omi” e conselheira municipal de Cultura pela cadeira de Cultura Indígena e Afro-Brasileira; Letícia Enne, professora de capoeira e arte-educadora integrante do coletivo Vadeia Aldeia; Josephane Lima, servidora pública, diretora de Comunicação do Fórum CultLagos e produtora executiva do “Projeto Forró na Praça”; e Sirlei de Souza; ativista pela igualdade racial e presidente da Associação de Mulheres Negras e Afrodescendentes da Rasa (SOMUNEAR), em Búzios-RJ.

Com um extenso histórico de ativismo junto à comunidade remanescente quilombola do bairro Botafogo, na zona rural do município, Robertão deu início ao encontro narrando a história de resistência de seu povo, suas origens e memórias do antigo Quilombo da Caveira, formado por negros que lutaram para sobreviver diante de um cenário hostil, de opressão e perseguição étnico-racial por parte de fazendeiros que se auto intitulavam donos das terras.

Roberto dos Santos, líder comunitário quilombola, falou sobre a história de seus antepassados no Quilombo da Caveira, no bairro Botafogo
Foto: Raíra Morena/Divulgação SEMUC PMSPA

Durante o encontro, os convidados compartilharam suas vivências, os desafios que precisaram superar em suas trajetórias e os atravessamentos sócio-histórico-culturais que envolvem ser negro no Brasil. Os casos de preconceito e racismo contra povos e comunidades tradicionais – quilombolas, indígenas e povos de terreiro –, também foram temas de destaque entre os participantes da roda. Segundo dados divulgados recentemente pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão do Governo do Estado, quatro pessoas são vítimas de racismo no estado do Rio por dia. “Vivemos em uma sociedade formada em sua maior parte por pessoas negras, mas os casos de racismo são alarmantes. Combater e desconstruir atos racistas precisam ser papel de todos, independentemente de classe, religião ou de segmento cultural. Tudo o que nós pedimos é respeito”, comentou Joseane Oliveira.

A luta pela igualdade racial, o exercício pleno da cidadania e os desafios na ocupação de espaços por parte da população negra também foram pautas em discussão. Servidora pública há 13 anos, a assessora técnica da Secretaria Municipal de Cultura (SEMUC), Josephane Lima, destacou o trabalho que tem sido promovido no âmbito das políticas culturais. “Faço parte do Núcleo de Formação da SEMUC, mas o nosso trabalho vai além de oferecer capacitação para a elaboração de projetos, inscrição em editais e portfólio. Nós trabalhamos no sentido de levar informação, esclarecimento e conscientização para que os artistas se reconheçam como agentes culturais e ocupem os espaços que são seus por direito”, afirmou.

Foto: Raíra Morena/Divulgação SEMUC PMSPA

Ao final do encontro, o secretário municipal de Cultura, Thiago Marques, agradeceu a presença dos convidados e aproveitou o momento para reforçar o empenho da pasta em fomentar manifestações de arte e cultura afro-brasileira, que têm sido garantidas graças à política de lançamentos de Editais de Chamamentos Públicos. “Em muitos aspectos, temos conseguido avançar bastante. Acabamos de lançar um Edital de contratação de artistas que, pela primeira vez, tem uma categoria exclusiva de cultura afro, incluindo música, dança, capoeira e culinária tradicional, para garantir que esses artistas sejam contemplados. Oportunizar o acesso a esses espaços e eventos é fundamental para garantir representatividade e inclusão”, salientou.

O secretário municipal de Cultura, Thiago Marques, acompanhou toda a programação
Foto:
Raíra Morena/Divulgação SEMUC PMSPA

Vinda de Búzios-RJ, a presidente da Associação de Mulheres Negras e Afrodescendentes da Rasa (SOMUNEAR), Sirlei de Souza, parabenizou a pasta pela iniciativa. “Falar da mulher negra, dos povos tradicionais como um todo, não só quilombola, mas de matrizes africanas, poder apresentar demandas e ter a escuta do secretário é de suma importante. A educação para as questões raciais é transversal, por isso é tão importante promovermos diálogos como esse, envolvendo a sociedade civil e as esferas de poder. São Pedro da Aldeia tem uma história linda, acredito que essa roda de conversa foi um avanço e estamos no caminho certo. Parebenizo a Secretaria por promover essa ação”, destacou a ativista.

A presidente da Associação de Mulheres Negras e Afrodescendentes da Rasa (SOMUNEAR), Sirlei de Souza, enalteceu a iniciativa da gestão em promover a roda de conversa
Foto: Raíra Morena/Divulgação SEMUC PMSPA

O evento contou com a mediação da assessora municipal de políticas culturais, Cleise Campos.

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