A equipe pedagógica da Secretaria de Educação de São Pedro da Aldeia está participando de uma formação continuada em Educação Escolar Quilombola. O primeiro encontro aconteceu nesta quinta-feira (15), no Centro de Formação Continuada (CEFOR), e contou com a presença do secretário de Educação, Alessandro Teixeira Knauft, da coordenadora de Políticas Pedagógicas, Elizangela Rigueira, da diretora da E. M. Quilombola Dona Rosa Geralda da Silveira, Rafaela Muniz, e do coordenador de História, Ricardo Andrade, além de coordenadores da SEMED e os pesquisadores Kalyla Maroun, Antonio Jorge Gonçalves, David Gonçalves Soares e Rhuann.
O objetivo da formação é oferecer abordagens teóricas e práticas relativas a temáticas que permeiam o contexto cultural no qual estão inseridos os alunos da Escola M. Quilombola. O curso está estruturado conforme a Diretriz Curricular Nacional em Educação Escolar Quilombola (DCNEEQ).
O secretário da pasta, Alessandro Teixeira Knauft, falou sobre a iniciativa. “O fato de o prédio estar em uma comunidade quilombola, não faz a escola ser quilombola; isso nos incomodava muito. Então, a primeira medida foi trazer essa discussão de maneira um pouco mais profunda. Estamos fazendo uma movimentação para que a identidade quilombola esteja forte, pois a pior coisa que se tem para uma cidade é ter uma história apagada, sem referência. Esse é um trabalho que começou com algumas poucas conversas isoladas e agora está bastante articulado. Agradeço a presença de todos, é uma alegria gigantesca ver que esse projeto está ganhando corpo e forma”, destacou.
A capacitação prevê quatro encontros presenciais, quatro práticas pedagógicas, incluindo planejamento, aplicação e relatório, e um encontro para deliberação do currículo. De acordo com o planejamento semestral, nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro acontecerão novos encontros.
O curso conta com a participação dos formadores representantes da SEMED, Ricardo Andrade e Carmensita Faria, a representante da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas Rurais (CONAQ), Gessiane Ambrósio, e o representante da Universidade Federal Fluminense (UFF), Sidnei Peres.
No mês de agosto, o tema gerador do encontro foi “O que é ser quilombola?”. O representante da Associação de Moradores da Comunidade Quilombola, Roberto Santos, conhecido como Robertão, contou a história e lutas da comunidade.
“Em nome da comunidade quilombola, nos sentimos gratos pela gestão estar olhando para nossa comunidade da forma que está sendo feito, nos sentimos orgulhosos com isso, pois queremos o resgate das nossas tradições. Vamos mostrar aos pais dos alunos as diretrizes curriculares da escola, que lá é um local de tradições e de cultura. A luta é árdua, mas Dona Rosa Geralda da Silveira apanhou, lutou muito, o que fez dela uma guerreira”, declarou Roberto Santos.
Na ocasião, foram abordadas as práticas pedagógicas, feito o estudo e a implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Escolar Quilombola. Os professores da unidade escolar receberão a formação no próximo sábado (17), na sede da escola.
O coordenador de História, Ricardo Andrade, afirmou que o curso tem como objetivo proporcionar reflexões sobre a temática quilombola, com ênfase na comunidade da caveira. “Foi proposto a articulação dos saberes históricos e experienciais, possível, sobretudo, por meio da participação oral do Sr. Robertão, que é da comunidade local, da Gessiane Ambrosio, que está representando a CONAQ, e do prof da UFF, Sidnei Peres”, explicou.
“Nós, da SEMED, estamos conduzindo a discussão e provocando um repensar sobre as práticas pedagógicas para a escola quilombola municipal Dona Rosa Geralda. Desta forma, o momento inicial de escuta passa a ser a base para que possamos construir atividades pedagógicas que representem maior significado para valorização da memória local”, completou Ricardo.
A equipe pedagógica já realizou um circuito pela comunidade Quilombola, localizada no bairro Botafogo, com o objetivo de conhecer e fazer um resgate da história local. A iniciativa fez parte de uma estratégia para a construção do currículo quilombola. Durante o trajeto, os profissionais conheceram histórias sobre a plantação, as lendas, tradições e personagens reais da comunidade.