A arte do bordado tem servido como forma de terapia para um grupo de moradoras de São Pedro da Aldeia desde a criação do projeto “Bordado Solidário”. Durante o período de distanciamento social, recomendado para evitar a propagação do coronavírus, o grupo de bordadeiras aldeenses, ao lado da Secretaria Adjunta de Cultura, recorreu às aulas virtuais para manter a prática e aprimorar sua arte.
Aos 61 anos de idade, a professora aposentada Anna Lúcia Corrêa, que tem seguido todas as medidas de prevenção à doença, está entre as alunas que adotaram o ensino à distância e afirma que as aulas virtuais são uma forma de distração neste período. “O bordado presencial me distrai muito e por WhatsApp, à distância, também. Está sendo uma delícia, é como uma aula particular, a instrutora Kátia passa as informações com muito cuidado; temos aulas e tarefas de casa, que apresentamos para o grupo. É claro que sinto falta do contato com todas, mas a gente se fala pelo aplicativo, tiro dúvidas a qualquer momento”, afirma.
As videoaulas são gravadas pela instrutora de artesanato Kátia Carvalho e encaminhadas para o grupo de 17 bordadeiras no aplicativo WhatsApp. As alunas, em sua maioria senhoras, têm a liberdade para fazer os exercícios propostos nos momentos de disponibilidade dentro de suas rotinas. As aulas são enviadas uma vez por semana, sempre às quartas-feiras. Todo aprendizado é registrado em um “caderno memória”.
Kátia Carvalho, destaca o auxílio emocional que as aulas virtuais têm oferecido ao grupo de bordadeiras. Ela acredita que o ensino à distância tem servido como uma grande âncora neste momento de pandemia. “Ver o grupo ativo e se encontrando, mesmo que virtualmente, é um alívio no meio disso tudo. Queremos mostrar para elas que essa situação vai passar e que é possível passar por isso de uma forma saudável, aprendendo e usando o tempo ao nosso favor”, assegura.
O projeto “Bordado Solidário” foi criado em 2019 pela Secretaria Adjunta de Cultura. O grupo tem como proposta resgatar memórias afetivas, incentivar o artesanato local e promover ações beneficentes, além de homenagear o município com peças que retratam pontos turísticos e paisagens naturais.
A secretária adjunta de Cultura, Edlúcia Marques, explica que a proposta do projeto é tirar as bordadeiras da ociosidade e elevar a autoestima das participantes. “As coordenadoras decidiram fazer videoaulas que têm atingido outros rumos. Estão se comunicando pelas redes sociais e fazendo vídeos dos trabalhos; todas estão felizes e realizadas, isso não tem preço. Elas também estão fazendo ação social entre elas, arrecadando mantimentos para serem doados às bordadeiras que precisam. O objetivo do grupo está se transformando e atingindo outros rumos”, compartilha.
APRENDIZAGEM VIRTUAL
Com a metodologia de ensino à distância, a aula é dividida em três partes. No primeiro momento, as alunas aprendem a fazer o desenho que será bordado. Em seguida, o ponto do bordado proposto é apresentado e ensinado. O estudo das cores, que aborda a colorimetria e as combinações, encerra a videoaula.
São ensinados em torno de três desenhos por aula; a instrutora oferece suporte individual durante os outros dias da semana. “A intenção é treinar ponto e suprir as carências que eu já vinha observando nas minhas análises individuais de cada uma, seja no desenho ou na composição de cores”, explica a instrutora Kátia Carvalho.
AULAS PARA O PÚBLICO
As videoaulas de bordado não estão restritas apenas às participantes do grupo solidário. A instrutora também disponibiliza vídeos ensinando a técnica no perfil do “Bordado Solidário” em uma rede social online de compartilhamento de fotos e vídeos. Essas aulas, com técnicas mais simples, ficam disponíveis para o público em geral, atraindo pessoas que têm interesse em aprender essa arte milenar.
As produções das alunas do grupo também são publicadas no mesmo perfil. Clique aqui para acessá-lo.
SOLIDARIEDADE
O grupo das Mulheres Bordadeiras de São Pedro da Aldeia se uniu para realizar a doação de uma cesta básica, com alimentos não perecíveis e material de limpeza, e 20 máscaras de proteção facial caseiras à Cruz Vermelha Brasileira, filial aldeense. A iniciativa rendeu ao grupo um certificado da instituição em agradecimento pela colaboração para amenizar o sofrimento humano durante o período da pandemia mundial no combate e contenção ao Covid-19.