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Mães da Aldeia: amor pela agricultura compartilhado nos frutos da terra

A agricultora Manoela de Paula divide a rotina entre a criação de suas meninas e o cultivo da roça no Assentamento Ademar Moreira
"Ser mãe é um amor incondicional. Eu daria a minha vida por elas, é inexplicável", diz Manoela

As filhas que brincam na terra são o retrato vivo do passado e do futuro de um país onde a agricultura familiar sempre esteve presente. Num dia comum no bairro São Mateus, zona rural de São Pedro da Aldeia, os agricultores do Assentamento Ademar Moreira pulam cedo da cama para cuidar do solo, plantar e colher enquanto o sol não chega ao topo. No entanto, para a produtora Manoela de Paula Fernandes, a rotina de trabalho é multiplicada por dois. Por três. Até por quatro. Talvez os livros que relatam a história do Brasil não tenham sido tão fiéis às jornadas múltiplas de dezenas de milhares de mães, assim como seus frutos. Na série de reportagens, Mães da Aldeia, conheça também a história de mulheres que dividem o amor pela pesca com os filhos e que os ensinam a superar limites.

A aldeense Manoela, aos 39 anos, divide sua rotina entre a criação das suas meninas, Nicolly (6 anos) e Analu (2 anos), e o cultivo na roça. Também é esposa, filha, irmã, dona de casa, e tantas outras funções que desempenha com amor. No interior do município os dias são agitados, apesar da trilha sonora de paz, típica da área rural. Com empolgação e nenhum resquício de lamúria pela rotina, a mãe conta como organiza o seu dia a dia. “Quando estamos no período de capina, acordo só às 7 horas para que as meninas durmam um pouco mais. Quando a roça é distante, preciso deixar as duas com minha mãe e capino depois das 14h, quando o sol começa a baixar”, contou. 

[Minha mãe] sempre conversou muito com as filhas, foi muito aberta. Companheira de contar segredos. Isso passou uma coisa boa pra mim como mãe, que pretendo trazer pra minha convivência com minhas filhas“.

Na simplicidade da família de Manoela, é clara a presença do laço da cumplicidade, que os une. Filha de pais também assentados, ela tem quatro irmãos, dois homens e duas mulheres. A família é grande para os padrões atuais, mas presente e parceira, o que ela relata em tom de gratidão. “Minha mãe hoje é feirante, não consegue mais trabalhar na lavoura com meu pai por ter problemas na coluna, mas fica sempre aqui comigo, algumas vezes passa a semana inteira. Ela mora no segundo distrito de Cabo Frio. Ela sempre conversou muito com as filhas, foi muito aberta. Companheira de contar segredos. Isso passou uma coisa boa pra mim como mãe, que pretendo trazer pra minha convivência com minhas filhas”, afirmou.  

No assentamento há 16 anos, Manoela e o marido diversificaram as culturas para que a produção não pare ao longo do ano. Cultivam aipim, batata doce, abóbora, milho e até laranja ponkan e limão. Sobre a relação das meninas com a terra, a agricultura afirma que acompanhar o trabalho dos pais e do avô é uma brincadeira para elas, por enquanto. “Elas gostam muito, acompanham meu pai para arrancar batata, mexer com a terra. Eu incentivo, por enquanto é uma brincadeira de criança, mas elas gostam de estar junto”, disse. 

“Ser mãe é uma experiência muito gostosa. Descobri esse amor que eu não sabia que existia. Me esforço pra dar o meu melhor para as minhas filhas. Ser mãe é um amor incondicional. Eu daria a minha vida por elas, é inexplicável”.

De todos os trabalhos, porém, o mais gratificante e prazeroso para Manoela é o de ser mãe. “Eu tenho que ser mãe, esposa, ajudar na roça, mas pra mim ser mãe é uma experiência muito gostosa. Eu não tinha vontade de ter filhos na juventude. Depois dos trinta anos comecei a ter o desejo. Com a minha primeira filha descobri esse amor que eu não sabia que existia. Me esforço pra dar o meu melhor para as minhas filhas. Ser mãe é um amor incondicional. Eu daria a minha vida por elas, é inexplicável”. 

Para Manoela e para tantas outras mães aldeenses, brasileiras, os versos de Milton Nascimento, na canção Maria Maria, merecem ser parafraseados. “Mas é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre… Quem traz no corpo a marca, possui a estranha mania de ter fé na vida”.

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