A Semana do Agricultor Familiar de São Pedro da
Aldeia foi sucesso no Horto Escola Artesanal, no bairro Balneário das Conchas.
O evento contou com oficinas práticas gratuitas e feira de produtos
agroecológicos. No último sábado (28), a programação ofereceu a oficina
de Licor Artesanal, com foco no uso da Aroeira. Já na segunda-feira (30), o
encerramento da Semana foi marcado pela oficina de Aipim, coffee
break, entrega de certificados e homenagens aos pequenos agricultores do
município. O evento foi uma realização da Prefeitura aldeense, por meio da
Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Trabalho e Renda.
Conduzindo a cerimônia de encerramento, o secretário de Agricultura,
Abastecimento, Trabalho e Renda, Dimas Tadeu, recepcionou os participantes e
destacou a realização de mais um evento. “A Semana da Agricultura Familiar foi
instituída por lei e é realizada na última semana do mês de julho, quando se
comemora o Dia do Agricultor. Nós não podíamos deixar passar em branco, por
isso preparamos uma programação especial com foco nos produtos provenientes da
nossa agricultura familiar. Trabalhamos com diversos frutos, hortaliças e
também na produção à base de Aroeira, conhecida como pimenta rosa, que tem sido
um produto de destaque na identidade local, alvo de pesquisas e que vem dando
uma visibilidade em nível nacional para São Pedro da Aldeia, graças a um
projeto pioneiro em parceria com diversas instituições como a Emater e
Fiocruz”, salientou.
Como parte da solenidade de encerramento, a
programação contou com entrega dos certificados de conclusão das oficinas de
Horta Agroecológica, Licor Artesanal e de Aipim, além de homenagens aos
agricultores familiares que contribuem para o fortalecimento da
produção orgânica e no desenvolvimento agropecuário municipal. Um dos
homenageados com o certificado de menção honrosa foi o produtor Antônio Novaes
Lobo, do bairro Retiro. “É uma emoção muito grande, vai ser uma recordação que
vou guardar com muito carinho. Fui criado na agricultura, trabalho há quase 60
anos com o cultivo de quiabo, aipim e maxixe, principalmente. Foi uma
atividade que herdei do meu pai, um homem da agricultura que ganhava muitas
exposições, e hoje minha família continua esse trabalho”, disse.
Abrindo o último dia de evento, na segunda-feira
(30), a realização da oficina de Aipim movimentou a cozinha do Horto Escola.
Durante toda a manhã, os alunos participaram da produção culinária de receitas
e adaptações à base de aipim, sob condução da instrutora Eli Arlete
Magalhães. Tortas, bolos de tabuleiro, pudim de tapioca, pães, pizzas e caldo
verde foram alguns dos pratos preparados para degustação e que também
compuseram a mesa de café da tarde, ao lado de quitutes, doces e salgados
produzidos artesanalmente pela equipe para marcar o encerramento da Semana.
De acordo com a professora Eli Arlete Magalhães, o objetivo da oficina
foi valorizar o aipim, um dos produtos de grande relevância na agricultura
local. “Em São Pedro da Aldeia, a produção da mandioca é muito forte, muitas
pessoas vivem dessa agricultura. Por isso, nós pesquisamos, preparamos
esse workshop e há mais de 20 anos fazemos esse trabalho
voltado aos produtores rurais, como uma forma de atender as pessoas que
dependem dessa atividade para o seu sustento. A proposta é mostrar as várias
maneiras de se trabalhar com esse produto rico, como incorporá-lo na
alimentação, o manuseio dos condimentos, e também para que eles conheçam o
valor daquilo que eles plantam e colhem”, destacou.
Já no último sábado (28), a oficina de
Licor Artesanal enfocou a produção da bebida a partir de essências vegetais e
produtos naturais, como folhas, talos, frutos, flores, cascas e sementes, sem o
uso de aditivos químicos, considerando as normas de Boas Práticas de Fabricação
e o controle de qualidade. Foram abordados os três métodos básicos de
fabricação: à base de tintura alcoólica, calda com sabor e a mistura a frio. Na
ocasião, os alunos puderam acompanhar o passo a passo dos processos de fervura,
cozimento, filtragem e envasamento, dentre outras etapas que compõem a produção
artesanal de licores simples e compostos. Também foram abordadas as
recomendações de consumo, beneficiamento comercial e seu uso como coadjuvante
nos tratamentos de enfermidades, como resfriados, problemas do trato digestivo
e gastrites.
De acordo com o instrutor, biólogo e técnico agrícola Dimas Tadeu, a
utilização da aroeira como condimento foi um dos diferenciais da oficina. “A
aroeira, que é o nosso foco, tem se mostrado como uma planta que apresenta um
alto potencial de digestibilidade e inclusive tem sido usada por pessoas que
têm problemas gástricos, em tratamento. Queremos mostrar que, através da
produção de licor, é possível agregar um produto que faz bem ao seu trato
digestivo e que seja agradável ao paladar, além de demonstrar as diversas possibilidades
de associação na receita, incorporando elementos como a canela, casca do limão,
anis e mix de pimentas”, disse Dimas, que também é especialista na área de
processamento de alimentos.
Ao longo do dia, os participantes
acompanharam a produção e algumas experimentações de diversos tipos de licores,
feitos a partir da casca do abacaxi, aroeira, limão, jabuticaba,
tangerina e hibisco, dentre outros. O comerciante Arquelau Ferreira,
de Iguaba Grande, participou da oficina e elogiou a iniciativa. “Há anos eu trabalho
com a fabricação e venda de licor, sempre gostei, mas não tinha a técnica. Por
isso, quando o Dimas abriu esse curso, em 2009, eu me inscrevi e aproveitei a
oportunidade para me qualificar. Quando recebi o convite para a oficina, fiz
questão de comparecer e para mim é um prazer estar ao lado do meu professor,
tudo o que eu sei hoje eu agradeço a ele. A cultura do licor é muito antiga e é
muito bom ver que iniciativas como essa levam esse conhecimento para as
pessoas. Vim para aprender mais ainda”, destacou o comerciante, que também
promoveu uma exposição de licores de fabricação própria.
Também
participaram da solenidade de encerramento o secretário de Agricultura,
Abastecimento e Pesca de Iguaba Grande, Thiago Dutra, a supervisora local da
Emater-Rio, Marília Grasiela Oliveira, a subsecretária de
Agricultura, Abastecimento, Trabalho e Renda, Vanilda Teixeira, o presidente da
Associação dos Produtores Rurais do Assentamento Ademar Moreira, Edmar
Oliveira, a diretora do Horto Escola Artesanal, Luciane Duá, o diretor do
Centro de Atendimento ao Trabalhador (CAT), Carlos Roberto Martins, a coordenadora
municipal de Qualificação Profissional, Vanusa de Arruda e o
coordenador de Defesa Civil, Edson Bittencourt.