Pescado com garantia de qualidade e procedência. Assim serão conhecidas as tainhas pescadas na Lagoa de Araruama caso a região consiga o selo de Identificação Geográfica (IG) do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O primeiro passo foi dado e o município de São Pedro da Aldeia sediou a reunião de início do projeto na Associação de Pesca da Praia da Pitória, com base no edital lançado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). A Prefeitura aldeense é representada pelas Secretarias de Meio Ambiente e Pesca e de Agricultura, Abastecimento e Trabalho.
Além da indicação de procedência e origem, o IG é uma comprovação de qualidade do produto que beneficia tanto o pescador quanto o consumidor. É o que destaca o secretário de Meio Ambiente, Mario Flavio Moreira. Ele também aponta o papel institucional da Prefeitura. “A Prefeitura vem apoiando as ações na Associação da Praia da Pitória desde o começo, sempre à disposição firmando parcerias, como a doação da fábrica de gelo pelo Ministério da Agricultura e do caminhão isotérmico, que está para chegar para fazer o transporte do pescado, além de realizar o monitoramento da água da lagoa junto ao Inea e a própria participação no Comitê de Bacias Lagos São João. Tudo isso faz parte de um processo importante para que iniciativas como esta tenham melhor estrutura para se desenvolverem”, afirmou o secretário aldeense.
O secretário de Agricultura, Abastecimento e Trabalho, Thiago Ribeiro, destaca o empenho da gestão em auxiliar os pescadores com o Selo de Inspeção Federal (SIF) e com o Sistema Brasileiro de Inspeção (SISBI), que certificam que o produto por ser comercializado em todo país. “O papel da Secretaria de Agricultura é elaborar, junto com a Prefeitura, um sistema de inspeção para poder ajudar os pescadores, por meio de todos os mecanismos legislativos e de regulação, a conseguir esses selos para o peixe. Com isso, será possível comercializar o pescado não só no município como em todo o território nacional”, explicou Thiago.
Em clima de roda de conversa, os representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), do SEBRAE, da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ), da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviço, das associações e pescadores da Região uniram-se para avançar com o projeto da IG da Tainha. Foram direcionadas as tarefas que cada núcleo irá abarcar e novas reuniões serão marcadas para acompanhamento da evolução das atividades.
Como funciona o projeto de Identificação Geográfica (IG) da Tainha
O projeto será encabeçado e financiado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) com início neste mês de agosto e os envolvidos terão um prazo de 24 meses para apresentar o trabalho final para conquistar o selo de Identificação Geográfica (IG) concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Serão realizadas diversas etapas e estudos para garantir a qualidade diferenciada da Tainha da Lagoa de Araruama, com a justificativa que o peixe passa a ter um sabor único uma vez que vem do mar e passa a viver nas águas hipersalinas da laguna. A iniciativa para denominação de origem da Tainha da laguna é baseada inicialmente nos relatos de moradores e visitantes que afirmam o diferencial do sabor e textura. As análises buscam comprovar a qualidade diferenciada do peixe e vão estudar também se o mesmo acontece com outras espécies. A caracterização da Identificação Geográfica terá um padrão que precisará ser mantido, como acontece com a Bandeira Azul, por exemplo.
O peixe será rastreado com as informações de cada ponto de pesca da laguna, sendo realizado o mapeamento do corpo d’água e a análise com a coleta da água. O diagnóstico da pesca será realizado em parceria com a Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ) e com as associações de pescadores do entorno da Lagoa de Araruama.
A economia local também será fomentada e os pescadores terão o incentivo a mais para formalizar a comercialização, pois peixe da IG precisa ser vendido com emissão de nota fiscal. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Pesca auxilia os profissionais a buscar a regularização.
A pesca da Região dos Lagos será beneficiada com ações que registram não só os dados, como a história. Profissionais de diversas instituições vão unir forças para realizar a estatística pesqueira e cartografia social.
O presidente da Associação dos Pescadores da Pitória, Francisco Guimarães Neto, mais conhecido como Chico Pescador, também reforça os benefícios da Identificação Geográfica (IG). “A gente está começando a realizar o sonho da identidade geográfica. Estivemos aqui com várias organizações públicas e pescadores e isso é muito legal. É a primeira vez na história da Laguna de Araruama que tantas autoridades se reúnem para dar início a esse projeto. O IG vai ser crucial para gerar renda à comunidade com preço que o peixe da laguna merece”, destacou.
Fabíola Fogaça foi designada pela EMBRAPA para coordenar o projeto. “As amostras de água, solo, peixe, serão levadas para as universidades e para a EMBRAPA para qualificar isso com vários parâmetros, principalmente a parte nutricional. Com todos os dados, vamos formatar um caderno, que se chama Caderno de Especificações Técnicas. Mensalmente a nossa equipe vai estar a campo para coletar esses dados”, comentou.