São Pedro da Aldeia tem sido referência na efetivação de atendimentos em saúde pelo programa “Melhor em Casa”. Cerca de 150 pacientes são atendidos por mês pelo Serviço de Atenção Domiciliar da Secretaria de Saúde aldeense, no âmbito do SUS. O número ultrapassa a estimativa de atendimentos pelo programa prevista pelo Ministério da Saúde, que é de 60 pacientes por mês, segundo a portaria n° 825, de 25 de abril de 2016. Em toda a Região dos Lagos, o município é o único com o programa do Governo Federal habilitado. Os atendimentos são realizados diariamente por equipes multiprofissionais, por meio de visitas às casas de pacientes com quadros agudos, acamados, com necessidade de reabilitação motora ou em situação pós-cirúrgica, com dificuldade de locomoção até uma unidade de saúde.
De acordo com a secretária de Saúde, Francislene Casemiro, o Serviço de Atenção Domiciliar tem como objetivo a redução da demanda por atendimento hospitalar e do período de permanência dos pacientes internados. “Uma das principais vantagens com esse programa é que muitos pacientes, principalmente idosos, foram desospitalizados, tendo atendimento nas suas residências, junto a seus familiares. Com o ‘Melhor em Casa’ o paciente não só tem o tratamento relacionado ao medicamento, mas também fisioterapia respiratória, apoio nutricional e do serviço social, da enfermagem e do médico dentro da própria casa”, afirmou.
A equipe do “Melhor em Casa” presta assistência a pacientes com necessidades de cuidados de média e alta complexidade, que se enquadrem nas modalidades AD2 e AD3 de Atenção Domiciliar, descritas na portaria ministerial. A determinação da modalidade está atrelada ao grau de intensidade do cuidado, peculiar a cada caso. Normalmente, cada paciente recebe uma visita semanal. No entanto, a periodicidade do acompanhamento domiciliar pode variar de acordo com o estado clínico e avaliação do estado de saúde do paciente.
“O processo de reabilitação dentro de casa é muito mais rápido do que a recuperação dentro de um hospital. O acolhimento domiciliar previne infecções hospitalares e o tratamento em um ambiente de afeto, de carinho e de cuidado, com a presença e a participação dos familiares, é algo mais efetivo, colaborando para uma melhora mais rápida da patologia do paciente. O ‘Melhor em Casa’ tem um diferencial por ter um atendimento mais humanizado. É uma relação de troca e de confiança”, ressaltou o diretor municipal de Atenção Domiciliar, Júnior Curcino, que há cerca de dois anos coordena e acompanha de perto o trabalho em diversos bairros.
No município, o programa funciona durante toda a semana, em plantão de 12 horas por dia. O serviço engloba uma equipe multiprofissional de atenção domiciliar (EMAD), composta por um médico, um fisioterapeuta, um enfermeiro e três técnicos de enfermagem, e uma equipe multiprofissional de apoio (EMAP), formada por uma nutricionista, uma assistente social e uma psicóloga. O programa conta, ainda, com um assistente administrativo, um motorista e um gestor, responsável pelo gerenciamento das equipes. Periodicamente, os profissionais passam por programas de capacitação e formação continuada.
Entre os serviços realizados pelas equipes estão curativos complexos, drenagem de abcessos, administração de medicamentos, avaliações clínicas e monitoramento de sinais vitais. Além do trabalho de prevenção e tratamento de doenças, uma vez por semana os profissionais realizam a coleta de materiais biológicos para exames laboratoriais, incluindo amostras de sangue, urina e fezes.
Com um quadro grave de infecção cutânea, o estado de saúde do encarregado de limpeza pública, Nilson José de Azevedo, o impedia de caminhar. Hoje, após cinco meses sendo assistido pelas equipes, o morador do bairro Estação comemora avanços. “Para mim foi muito bom receber a equipe na minha casa. No hospital a gente tem que esperar muito e quando somos atendidos o médico passa só uma injeção e manda embora. Com esse atendimento aqui, a gente tem carinho e atenção; vai criando uma relação de amizade. Eles ajudaram a cicatrizar as minhas feridas e a forma como fui tratado sarou feridas também no meu coração. Hoje estou vivendo de novo”, relatou o paciente, emocionado.
Durante as visitas domiciliares, os profissionais do “Melhor em Casa” também identificam, orientam e capacitam um ou mais cuidadores do usuário em atendimento, estimulando a participação ativa dos familiares no processo do cuidado e a ampliação da autonomia da família.
Esposa do paciente Nilson, a zeladora Juliana Azevedo recebeu capacitação para se tornar cuidadora. “Eu não recebia ninguém na minha casa porque eu tinha vergonha do quadro do meu marido. Ele estava muito debilitado, com feridas estouradas nos joelhos e nos pés e chegou a ser internado. Como não temos carro, toda vez a gente tinha que pagar pelo transporte até uma unidade de saúde. Com os curativos e o cuidado da equipe do programa, o avanço que ele teve em casa foi surpreendente. É um serviço feito com muito carinho, respeito e amor. Eles passam para a gente uma segurança muito grande”, afirmou.
Visando ampliar a divulgação do trabalho, a Secretaria Municipal de Saúde deu início à produção de um vídeo institucional para mostrar o funcionamento e as formas de atuação do programa. Em breve, o material será disponibilizado no site e nas redes sociais da Prefeitura. “São Pedro da Aldeia é uma referência no atendimento domiciliar em nível nacional e queremos disseminar esse projeto para que os munícipes conheçam e tenham acesso ao programa”, complementou Júnior.
Implementado em São Pedro da Aldeia em novembro de 2017, o programa é indicado para pessoas que, estando em estabilidade clínica, necessitam de atenção à saúde, que estejam em situação de restrição ao leito ou ao lar de maneira temporária ou definitiva ou, ainda, em grau de vulnerabilidade. Caso o paciente se enquadre nos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, a família pode dar entrada em um requerimento na sede da Secretaria de Saúde, localizada na Avenida Getúlio Vargas, nº 354, no Centro da cidade. No ato do cadastramento, será preciso apresentar documento de identidade do paciente e de um cuidador responsável, além do cartão do SUS e laudo médico de incapacidade. Após o cadastro, a equipe do programa entra em contato para avaliação.