A construção das instalações físicas do Centro de Beneficiamento Primário da Aroeira segue avançando no Assentamento Ademar Moreira, em São Pedro da Aldeia. Dividido em três ambientes, o galpão em alvenaria integra a unidade de beneficiamento da pimenta rosa, inaugurada no município em maio do ano passado – a primeira em todo o Estado. A obra foi possível graças a liberação de recursos do Programa Rio Rural, da Secretaria Estadual de Agricultura, executado pela EMATER-RIO, dentro de um pacote de investimentos de R$ 190 mil. O galpão, anexo à sede da Associação dos Lavradores, vai contar com equipamentos industriais para o armazenamento, limpeza, secagem, seleção e classificação de sementes, além de uma área exclusiva destinada a embalagens para comercialização do produto final.
De acordo com o secretário de Agricultura, Abastecimento, Trabalho e Renda, Dimas Tadeu, a estruturação da unidade é um avanço em prol do aprimoramento da cadeia produtiva e beneficiamento comercial da aroeira. “Esse é um trabalho pioneiro até em nível nacional e por isso tem se tornado uma referência. Já temos uma demanda de vendas para fora do Estado e, após a conclusão das instalações do Centro, vamos poder atender ao mercado, que está cada vez mais exigente, com um produto de muita qualidade, maior valor agregado e garantia para a exportação. Hoje, a nossa aroeira tem todas as características para receber as certificações necessárias, como os selos da Agricultura Familiar e o Orgânico”, disse.
Com cerca de 100 metros quadrados de área construída, o galpão anexo à sede do Assentamento terá, ao todo, três salas de produção e uma estrutura externa para a limpeza bruta. Na área interna, os ambientes serão divididos entre os setores de limpeza refinada; secagem e classificação de sementes; e sala de preparação para embalagem e armazenamento do produto. As próximas etapas de obra incluem a colocação de pisos, portas e janelas. A expectativa é que o Centro de Beneficiamento entre em funcionamento na safra da aroeira deste ano, que se estende de maio a julho. Segundo os levantamentos realizados pelas instituições integrantes do GT-Aroeira, a unidade terá capacidade de beneficiar uma produção de 50 toneladas/safra/ano para comercialização a varejo e/ou atacado.
Visando elevar a qualidade da produção, parte dos recursos do Programa Rio Rural foi destinado à compra de equipamentos para o Centro, entres eles um secador mecânico com circulação de ar forçada e uso de energia solar, com capacidade para secar cerca de 95 quilos de material; um medidor de umidade e um classificador de sementes com peneira específica fabricada especialmente para a aroeira. Inaugurada ano passado, a estufa de secagem vai ganhar, ainda, uma cobertura com placas de policarbonato e bancadas de alumínio para a produção de mudas, secagem natural e cultivo protegido.
Para o supervisor local da EMATER-RIO, Fábio Oliveira, o aporte estadual foi determinante para o andamento dos trabalhos. “Com a chegada do ‘Rio Rural’, tivemos a oportunidade de ter os recursos financeiros necessários para executar as obras e alavancar esse projeto. Fora o recurso grupal, cada participante desse projeto de cadeia da aroeira recebeu aproximadamente R$ 7 mil reais de forma individual. A ideia é que eles possam trabalhar com o cultivo qualificado, de forma a gerar renda e fortalecer a agricultura familiar”, destacou Fábio, um dos técnicos executores do Programa Rio Rural em São Pedro da Aldeia, ao lado da engenheira agrônoma da EMATER local, Marília Grasiela.
Além da estruturação da unidade de beneficiamento, os recursos advindos do “Rio Rural” possibilitaram, ainda, a reforma e adequação da sede da Associação dos Lavradores do Assentamento, bem como a aquisição de móveis e equipamentos de cozinha de uso comunitário; embalagens e materiais de segurança para os produtores extrativistas, como luvas e botas. A Associação conta, atualmente, com 21 famílias assentadas, sendo 16 envolvidas diretamente no projeto da aroeira, devidamente autorizadas para o manejo e coleta dos frutos em área de reserva natural.
A qualidade da aroeira de São Pedro da Aldeia, aliada ao trabalho organizado pelo GT-Aroeira, tem chamado a atenção de ecochefes e empresas ligadas à área de alimentos e cosméticos orgânicos, como a Cativa, com sede no Paraná. Para este ano, a empresa fechou a compra de 100 quilos do primeiro lote do material produzido. “Isso é resultado de um trabalho que vai crescer muito mais. É um sonho que está se tornando real em vários pontos; saímos de uma sede que estava em ruínas até essa primeira venda. Temos que parabenizar muito cada um dos produtores envolvidos. Se chegamos até aqui foi porque a comunidade abraçou essa iniciativa e entendeu a importância desse projeto”, ressaltou o técnico em Agropecuária do MAPA, Pedro Cattete, que atualmente integra a Divisão de Política, Produção e Desenvolvimento Agropecuário (DPDAG-RJ).